segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Essa foi a primeira edição do Oscar que não vi desde 1996. Foi quando eu tinha 12 anos, peguei catapora, não podia sair de casa mas podia acordar mais tarde e, por isso, também dormir mais tarde e ficar ligada até 2, 3 horas da manhã.
Se eu tivesse tido o mínimo de condições (uma TV disponível, por exemplo), provavelmente teria assistido. Mas sabe de uma coisa? Toda a pompa e a dita magia e glamour de Hollywood me pareceu muito mais acentuada, bonita e válida do que das outras vezes. Premiações previsíveis, vendidas, nem sempre merecidas, vestidos caros, brincadeirinhas e piadas sem-graça de norte-americano.
Dessa vez, isso ficou melhor nos textos dos jornalistas.
Alguns comentários:
- Eu fiquei meio sem saber o que achar da premiação da Cate Blanchet. Eu gostei dela em "O Aviador", mas o papel que ela fez da Katherine Hepburn poderia mesmo ser tão afetado assim? Porque a mulher se transformou em um poço de cacoetes e sotaques engraçados ali!
- A querela quanto a interpretação da vencedora em Melhor Canção, do "Diários de Motocicleta", foi mais uma pancadinha da suja, feia e desconhecida América Latina no evento, que acontece na Califórnia, um dos maiores poços de latinidade dentro dos Estados Unidos. É como se o Oscar estivesse entrando no tortuoso caminho da implantação de políticas de cotas, abrindo cada vez mais espaço para seus hermanos, mas, sem muito embasamento sobre o beneficiado, não sabe muito bem como fazê-lo e acaba se metendo no meio para achar uma forma de participação que lhe parece conveniente. E coloca no palco o mais americano (e desafinado) dos espanhóis, Antônio Banderas. Ê lê lê.
- Eu não sei se ele premeditou e já tinha escrito isso no projeto de discurso que talvez tivesse feito para quando ganhasse o prêmio de Melhor Ator, mas a última fala do agradecimento de Jamie Foxx entra no ranking dos momentos mais poéticos de talvez todas as edições do Oscar. Se tiver mesmo acontecido isso, é mais do que justa a sua premiação. Até eu me emocionei (e isso, vejam, só pelas matérias dos jornais!). Era algo mais ou menos assim - sobre a avó que o criou e morreu há pouco tempo:
"Sabe, eu ainda converso com ela, mas dessa vez é nos meus sonhos. E hoje estou louco para ir logo para casa e dormir, porque temos muito o que conversar"
- Só para terminar, uma notinha sobre o Framboesa de Ouro. George Bush conseguiu o feito de ganhar na categoria Pior Ator, pelo papel de Presidente dos Estados Unidos no documentário Farenheit 911. Certamente, não haveria atuação a sua altura para concorrer em tal categoria.
:-:-:-:
Esqueci de dizer que foi durante uma das edições do Oscar que quebrei meu recorde de tempo no telefone. Cinco horas e pouco comentando vencedores, perdedores e episódios pitorescos. Para além disso, cinco horas de um intenso estar com o outro sem ver ou poder tocar ou olhar nos olhos. Façanha parecida, hoje, é semi-impossível. O interurbano está caro demais :/
:-:-:-:
E a ficha ainda não caiu...
Now he´s gone...

Amanda Queirós blogged @ 22:25

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

- Por que você sorri tanto?
- Com toda essa gente ao redor, cuidando de você, aprende-se a chorar sorrindo


Hoje eu vi o filme novo do Amenábar, que está concorrendo ao Oscar de Melhor Estrangeiro. O tema, a morte assistida. Como todo bom arranca-lágrimas, é baseado em uma história real. Fala do espanhol Ramón Sampedro que, no ápice de uma juventude vivida intensamente, acabou sendo condenado a quase 30 anos de prisão em uma cama após ficar tetraplégico e, diante da falta de dignidade que é para si, a partir daí, viver, decide morrer.
Acontece que morrer por conta própria é tecnicamente muito fácil para qualquer um com duas pernas andantes e polegares opositores ativos. Aí você começa a imaginar como deve ser terrível não conseguir nem ao menos isso - algo simples, acabar com a vida - sem incomodar os outros.
Suicídio, para mim, sempre foi um ato extremamente egoísta. Resolve-se um dilema, criam-se outros e você nem estará lá para tentar amenizá-los. Fácil.
Pegando apenas o exemplo isolado de Sampedro, podemos imaginar outras formas de vivência indigna que possam abrir precedentes para que qualquer indivíduo que se diz neste estado possa ter também o direito legalizado de morrer quando quiser. Se formos somar todos os números das milhares de pesquisas que são feitas todos os anos sobre fome, miséria e condições desumanas de sobrevivência em todo o mundo, acho que dava para tirar, sendo boazinha, uns dois bilhões muito muito mais abaixo do patamar que se poderia determinar, no senso comum, como dignidade de viver. E aí? Todo mundo quer morrer? Todo mundo tem a possibilidade de morrer! Mas todo o resto do mundo que não está nestas estatísticas permite? Nããããão... Porque se esse pessoal deixa de existir, qual será o parâmetro que ficará para o resto do mundo diante do que ele esboça ser dignidade? Quem vai sofrer para que, do outro lado da televisão, alguém se rejubile? { "Que bom que estou aqui. Tenho casa, comida, conforto e amor. Sou feliz!"} Então, a vida é importante... Vamos valorizar a vida! Alguém conhece alguma campanha do tipo?
Ah!
Sobre o filme, é lindo.
As poesias que Sampedro escrevia, compiladas em dois livros, encharcam todo o roteiro. Isso permite algumas cenas em que se torna possível viajar com o protagonista, sentindo-o, sentindo o sair de si e sendo ele. E dá vontade de chorar - mais uma vez, porque é lindo e você ESTÁ LÁ. São poucas as oportunidades de viver o belo e chorar o belo. Eu aproveitei essa.
Segue o poema-texto do trailer que, sozinho, já vale mais que muito filme em cartaz.

Mar adentro, Mar adentro
y en la ingravidad del fondo
donde se cumplen los sueños
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo
un beso enciende la vida
como un relámpago y un trueno
y en una metamorfosis
mi cuerpo ya no es mi cuerpo
es como penetrar en el centro del universo
el abrazo mas puril
y el mas puro de los besos
hasta verlos reducidos en un último deseo
tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo sin palabras
mas adentro, mas adentro
hasta el mas allá del todo por la sangre y por los huesos
pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.

Amanda Queirós blogged @ 02:21

domingo, fevereiro 20, 2005

Um bom tempo sem postar... Algumas cobranças...
É pelo menos bom ver o número de comentários passar de três.
Mas sobre o que falar?
Poderia falar sobre como a minha relação com este blog já não é mais a mesma ou sobre como a felicidade afeta diretamente para pior o potencial estético-criativo de uma nova obra de arte.
Tem ainda o tópico sobre voltar a ouvir música como estudo histórico-social, ler não apenas como entretenimento, mas como formação crítico-pessoal, a falta que faz não ter mais a licença social para abstrair-se do mundo que é dada aos mui pequenos ou até mesmo a desconexação das minhas idéias que não me permite mais estabelecer relações entre fatos claramente linkados.
Mais uma vez as festas de família teriam cacife para serem abordadas, bem como os rituais católicos e valores morais já tão batidos, além dos temas diarinhos como a minha saída do estágio e o retorno aos cinemas.
Mas hoje eu vou deixar tudo isso pra lá porque os sorrisos voltaram.
Sabe como é, novos botões de rosa chá nasceram, todo um novo buquê nesta vidinha.
E, dessa vez, a cada dia eu troco a água do vaso. Talvez por isso o perfume esteja cada vez mais intenso.
E bom.
:*

Amanda Queirós blogged @ 02:27

Amanda Bezerra
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